Tudo que você precisa saber sobre Menopausa e Reposição Hormonal

Gisele Veiga Guimarães

5/6/20254 min read

Chegou aos 40 anos e tem esses sintomas?

Alguns sintomas podem ser causados pela menopausa, mas também por outros problemas de saúde. Confira abaixo a lista de sintomas:

  • Ondas de calor e suores noturnos

  • Dificuldade para perder peso ou ganho de peso

  • Concentração da gordura corporal na região abdominal

  • Dificuldade para ganho de massa muscular

  • Redução do desempenho esportivo

  • Distúrbios do sono e insônia

  • Despertares noturnos

  • Prejuízo à memória e aprendizado

  • Irritabilidade e mudanças de humor

  • Instabilidade emocional

  • Melancolia

  • Depressão

  • Ressecamento vaginal

  • Dor na relação

  • Coceira vulvar

  • Aumento da frequência de infecções urinárias

  • Redução da libido

  • Sensibilidade e dor nas mamas

Reposição hormonal na menopausa: preciso ter medo?

Você não precisa ter medo da reposição hormonal na menopausa se você não tem contraindicações à reposição hormonal.

Se você tem sintomas associados à redução dos níveis de hormônios femininos e não tem contraindicações ao uso de hormônios, a reposição pode ser feita de forma segura, com grandes chances de os benefícios superarem os riscos.

Quais são as contraindicações absolutas à terapia hormonal?

  • Doenças do fígado

  • Câncer de mama (atual ou já tratado), principalmente se houver receptor para hormônios sexuais femininos

  • Lesão precursora para câncer de mama

  • Câncer de endométrio

  • Alguns subtipos de câncer de ovário (exemplo: endometrioide, seroso de baixo grau e de células da granulosa)

  • Sangramento vaginal de causa desconhecida

  • História de angina ou de infarto

  • História de AVC

  • Trombose prévia ou alto risco para trombose

  • Porfiria

  • Lúpus eritematoso sistêmico

  • Meningioma

Mulheres sem essas condições devem ser avaliadas de forma individualizada, incluindo o cálculo de risco cardiovascular para estratificação em risco alto, moderado ou baixo.

Mulheres de risco baixo e moderado costumam ter benefícios superiores aos riscos (na mulher sintomática). Nas mulheres de risco moderado, a reposição deve ser feita pela via transdérmica.

Novidades em reposição hormonal - Lenzetto: estradiol em spray

Recentemente chegou ao mercado brasileiro o Lenzetto (estradiol em spray), indicado para terapia hormonal da menopausa.
Suas principais características:

  • Absorção mais rápida e previsível

  • Menor risco de transferência para outras pessoas

  • Níveis sanguíneos de estradiol mais estáveis

Seu uso deve ser indicado por ginecologista experiente, com revisão inicial após 4 semanas. As contraindicações são as mesmas dos outros estrógenos.

Termos equivalentes

Os termos “reposição hormonal da menopausa”, “terapia hormonal da menopausa” e “terapia de reposição hormonal da menopausa” têm o mesmo significado e podem ser usados de forma intercambiável.

A forma mais segura de fazer reposição hormonal

Segurança e reposição hormonal devem caminhar juntas. Seguindo os passos descritos a seguir, o tratamento se torna seguro, aumentando saúde e qualidade de vida.

Acompanhamento com especialista

O acompanhamento deve ser feito com médico(a) especialista em ginecologia ou endocrinologia, com RQE em ginecologia ou endocrinologia.

O que sabemos de fato sobre a reposição hormonal?

  • Altamente eficaz contra os principais sintomas da menopausa, principalmente ondas de calor.

  • É necessária para a saúde cardiovascular e óssea das mulheres com diagnóstico de Insuficiência Ovariana Prematura

  • Deve ser prescrita por profissional experiente após avaliação de contraindicações.


Qual a via mais segura?

  • Estrogênio: via transdérmica

  • Progesterona: via oral ou vaginal

Existe idade certa para começar?

Sim. A reposição deve ser iniciada:

  • Antes dos 60 anos

  • Antes de completar 10 anos após a menopausa (última menstruação)

É necessário fazer exames com frequência?

Sim. Mamografia e ultrassonografia mamária aumentam a segurança do tratamento e devem ser realizados regularmente.

De onde veio o medo da reposição hormonal?

O estudo WHI e o impacto na opinião pública

Entre os anos 90 e 2002, o estudo WHI trouxe preocupação com o risco de câncer de mama, trombose e AVC, levando à suspensão precoce da pesquisa.

Porém, o estudo incluiu:

  • Mulheres fora da janela de oportunidade (mais de 60 anos ou mais de 10 anos após a menopausa)

  • Mulheres com contraindicações (na época desconhecidas)

  • Hormônios diferentes dos usados atualmente (Premarin e acetato de medroxiprogesterona)

Hoje usamos estradiol bioidêntico e progesterona natural micronizada, que parecem ser mais seguros.

Quem pode se beneficiar da reposição hormonal?

Mulheres com sintomas importantes, dentro da janela de oportunidade e sem contraindicações. Mulheres com diagnóstico de Insuficiência Ovariana Prematura se beneficiam muito - inclusive na longevidade.

Reposição hormonal ajuda a emagrecer?

Efeitos na composição corporal

  • Pode ajudar na redução de gordura e aumento de massa muscular quando associada a:

    • Atividade física

    • Alimentação adequada

    • Qualidade do sono

    • Redução de álcool

3 motivos para não fazer reposição hormonal

  1. Contraindicação real ao tratamento

  2. Sintomas leves e toleráveis

  3. Medo, apesar de sintomas graves

Benefícios da reposição hormonal no tempo certo

Além do alívio dos sintomas vasomotores

  • Aumento da massa óssea

  • Redução do risco cardiovascular (antes da ateromatose)

  • Redução do risco de diabetes tipo 2

  • Alívio dos sintomas emocionais

  • Melhora da qualidade do sono

Quais hormônios são usados e aprovados pela Anvisa?

Estrogênios

  • Estrogênios equinos conjugados (não mais disponíveis no Brasil)

  • Estradiol oral isolado

  • Estradiol oral + progestágeno

  • Tibolona

  • Duavive (ainda não disponível no Brasil)

  • Estradiol transdérmico (gel, adesivo, spray – como o Lenzetto)

  • Estradiol transdérmico com noretisterona

Progestágenos

  • Medroxiprogesterona oral

  • Didrogesterona

  • Progesterona natural micronizada

Em estudo

  • Fezolinetant (não hormonal, aprovado pelo FDA, mas ainda não disponível para uso no Brasil)

  • Implantes hormonais ainda não aprovados pela Anvisa

O uso de qualquer uma das medicações citadas neste texto deve ser feito com prescrição médica e acompanhamento individualizado.

É possível fazer reposição hormonal em dose ultrabaixa?

Sim. A dose mínima eficaz deve ser preferida para alívio dos sintomas.

Exemplo: adesivo de estradiol 25 mcg.

Hoje temos mais opções de medicações e maior conhecimento sobre riscos e benefícios.

Dra. Gisele Veiga Guimarães

Médica Ginecologista e Obstetra

CRM RJ 521128990

RQE 40088