Reposição hormonal bioidêntica é sinônimo de manipulado?

Reposição hormonal bioidêntica é sinônimo de manipulado?

Resumidamente: não. Vamos entender melhor na explicação abaixo.

Qual é a diferença entre reposição hormonal bioidêntica e reposição hormonal com manipulados?

Medicações manipuladas são medicações feitas em farmácias de manipulação a partir de uma receita feita por um(a) médico(a).

Essas medicações podem ter composições químicas idênticas às composições das substâncias produzidas pelo nosso próprio corpo (esse é o significado de bioidêntico) assim como podem não ter essa composição idêntica.

Ou seja, uma medicação manipulada pode ou não ser bioidêntica.

No caso dos hormônios podemos usar o exemplo do etinilestradiol e

do estradiol.

O etinilestradiol não é uma substância produzida pelo nosso corpo, mas é sintetizada pela indústria farmacêutica. Está presente principalmente em pílulas anticoncepcionais e funciona como se fosse o estradiol produzido pelos nossos ovários.

É possível manipular em farmácias de manipulação essa substância (o etinilestradiol), mas ela continuaria não sendo bioidêntica (não é igual à molécula que nosso organismo produz, que é o estradiol).

Por outro lado, o estradiol, que é bioidêntico, pode ser feito em farmácias de manipulação ou comprado em farmácias tradicionais.

Qual é o problema da reposição hormonal na menopausa com medicamentos manipulados?

O estradiol é uma substância bioidêntica que não precisa ser manipulada em farmácias de manipulação (está disponível em medicamentos vendidos em farmácias tradicionais). Mesmo nessas formulações vendidas em farmácias tradicionais, esses medicamentos também permitem ajustes finos de doses, com segurança em relação às concentrações hormonais usadas.

A manipulação de medicamentos é uma ferramenta interessante quando precisamos de medicamentos que estão fora de linha, que foram retiradas de circulação por motivos comerciais ou que não existem nas doses necessárias para o tratamento. A indústria farmacêutica nem sempre é capaz de suprir às demandas de tratamento ou podem ocorrer falhas no abastecimento de substâncias necessárias.

Porém, quando o medicamento necessário existe e está disponível na dose correta não há superioridade na manipulação. Quando falamos de medicamentos hormonais, pequenas diferenças nas concentrações dos hormônios podem fazer diferença no tratamento, de modo que a padronização nas doses aumenta a segurança e a estabilidade dos níveis hormonais.

Esse posicionamento está em conformidade com as diretrizes das principais sociedades médicas das especialidades que tratam desse assunto (ginecologia e endocrinologia).

Gisele Veiga Guimarães

Médica Ginecologista e Obstetra

CRM 521128990

RQE 40088

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