De onde vem o medo da reposição hormonal?
O guia definitivo em 3 minutos de leitura para entender por que muitas mulheres ainda têm medo da reposição hormonal. De onde veio esse medo? Será que hoje ainda devemos ter este medo?
MENOPAUSA
Gisele Veiga Guimarães
12/14/20243 min leer
Ainda é comum o receio contra os hormônios - mas por quê?
Hormônios são substâncias naturalmente produzidas pelo nosso corpo. Os ovários produzem estrogênios, progesterona e, em menor quantidade, testosterona.
Entre os anos 1990 até 2002 foi realizado um grande estudo chamado WHI (Iniciativa de Saúde da Mulher). Em 2002 o estudo foi finalizado antes do previsto devido à interpretação dos pesquisadores de que a reposição hormonal tinha riscos que não superavam seus benefícios (principalmente câncer de mama, trombose e AVC) e isso foi bastante noticiado na grande mídia. Mas será que é isso que a ciência sustenta até hoje?
O WHI foi o primeiro grande estudo sobre a reposição hormonal na menopausa. Incluiu 160 mil mulheres entre 50 e 79 anos. Isso significa que foram incluídas mulheres que estavam fora do que hoje chamamos de "janela de oportunidade" da reposição hormonal: mulheres com mais de 60 anos ao iniciar a reposição e mulheres que iniciam a reposição após até 10 anos desde a menopausa. O termo “janela de oportunidade” significa o melhor momento para iniciar a reposição (com menos riscos e mais benefícios à saúde).
Resumidamente: o estudo concluiu que a reposição fazia mal e ela de fato faz mal nas mulheres mais velhas. As mulheres com menos de 60 anos foram incluídas no “mesmo cesto” das mulheres com mais de 60 anos e as conclusões sofreram impactos desse confundimento.
Também foram incluídas no estudo mulheres com contraindicações à reposição hormonal (na época não se conheciam as contraindicações e graças às análises feitas a partir dos dados desse estudo, hoje as conhecemos).
As análises feitas em um segundo momento identificaram quem é o grupo de mulheres com risco superior ao benefício da reposição hormonal e quem faz parte do grupo que tem baixo risco de efeitos colaterais e complicações.
Em suma, é necessário avaliar a presença de contraindicações e se a mulher está na janela de oportunidade.
Além disso, no grande estudo citado foi utilizado estrogênio derivado da urina de éguas gestantes (que era comercializado com o nome de Premarin e que hoje não encontramos mais no Brasil) e o acetato de medroxiprogesterona como progestágeno (substância similar à progesterona). Hoje usamos principalmente o estradiol bioidêntico (idêntico ao que os nossos ovários produzem) e temos disponível a progesterona natural micronizada (que também é idêntica à produzida pelo nosso próprio organismo). As análises mais recentes mostram que essas formulações parecem ser mais seguras que as substâncias utilizadas no estudo.
O medo do desconhecido e a reposição hormonal
Más notícias e medo se espalham e paralisam o ser humano. Boas notícias, esclarecimento, desmistificação e quebra de paradigmas demoram para ser compreendidos.
Mulheres que têm sintomas importantes da menopausa e pré-menopausa, que estejam na chamada "janela de oportunidade" e que não têm contraindicações devem considerar a possibilidade de reposição hormonal, pois podem melhorar sua qualidade de vida com seu uso (e até reduzir o risco de alguns problemas de saúde).
Converse com seu(sua) ginecologista sobre seus riscos e benefícios de fazer e de não fazer a reposição hormonal.
Você não precisa ter medo da reposição hormonal na menopausa se:
Se você não tem contraindicações à reposição hormonal você não precisa ter medo da reposição hormonal.
Se você tem sintomas associados à redução dos níveis de hormônios femininos e não tem contraindicações ao uso de hormônios a reposição pode ser feita de forma segura, com grandes chances de os benefícios superarem os riscos.
Quais são as atuais contraindicações absolutas à terapia hormonal?
Doenças do fígado
Câncer de mama (atual ou já tratado), principalmente se houver receptor para hormônios sexuais femininos
Lesão precursora para câncer de mama
Câncer de endométrio
Alguns subtipos de câncer de ovário (exemplo: endometrioide, seroso de baixo grau e de células da granulosa)
Sangramento vaginal de causa desconhecida
História de angina ou de infarto
História de AVC
Trombose prévia ou alto risco para trombose
Porfiria
Lúpus eritematoso sistêmico
Meningioma
Na ausência dessas contraindicações fazemos um cálculo de risco cardiovascular (que pode ser alto, moderado ou baixo). As mulheres sintomáticas de risco baixo e moderado costumam ter mais benefícios que riscos e nas mulheres de risco moderado a reposição deve ser feita pela via transdérmica (gel, spray ou adesivo).
Consulte seu(sua) médico(a) para iniciar e continuar a reposição hormonal.
Dra. Gisele Veiga Guimarães
Médica Ginecologista e Obstetra
CRM RJ 521128990
RQE 40088
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