Como aumentar a libido feminina

Reduzir os fatores que inibem a libido é a chave. A libido feminina é extremamente complexa e na maioria dos casos não está associada a deficiência de uma substância específica.

LIBIDO FEMININA

Gisele Veiga Guimarães

6/12/20254 min leer

Quem é a mulher que se queixa de redução da libido?


A queixa de redução da libido é extremamente comum entre mulheres que estão em um relacionamento estável. Entre as mulheres solteiras essa queixa é muito mais infrequente. Isso não quer dizer que a libido de mulheres solteiras seja maior (pode ser maior ou pode ser menor), mas na ausência de um relacionamento estável, não desejar ter relações com frequência pode não ser um problema para a mulher.


Por que a libido reduz?


A relação sexual tem diversas funções: gerar prazer, engravidar e promover e manter a conexão entre o casal. Em um relacionamento longo, às vezes a ausência de novidades pode ser responsável pela redução do prazer, quando comparado ao do início do relacionamento. Isso é extremamente comum.


Como funciona a libido feminina?


Uma relação sexual pode ser dividida em algumas partes. A fase frequentemente chamada de "preliminar" é muito importante para a mulher, sendo fundamental para o prazer feminino. Isso é uma questão de fisiologia, ou seja, de entendimento sobre o funcionamento do corpo feminino. A vagina é um órgão que se alonga e se intumesce durante a excitação, tornando a penetração potencialmente confortável e prazerosa. A lubrificação da vagina depende dessa excitação e demora alguns minutos para acontecer. O estímulo cerebral precisa chegar até este órgão para desencadear a produção de secreção pelas glândulas da vagina e da vulva (que é a parte de fora da genitália feminina, a parte que a gente vê).


A libido feminina depende de muitos outros fatores, como admiração pelo(a) parceiro(a) em questão e saúde mental.


Em um relacionamento monogâmico, a libido está intrinsecamente relacionada ao outro


Isso significa dizer que em um relacionamento monogâmico o problema pode não ser apenas a percepção de redução da libido, mas a redução da conexão, atração e admiração pelo(a) parceiro(a). É importante identificar isso para evitar atribuir o problema da “baixa libido” a uma questão hormonal feminina, por exemplo. A questão hormonal pode ser uma causa, mas é preciso identificar outros fatores que podem estar associados e ter impacto em maior ou menor parte.


Libido depende de autoconhecimento


Cada pessoa é única, e cada relacionamento é único, com muitas particularidades. Essas particularidades são dinâmicas, mudando a cada momento. Apesar de um relacionamento estável durar anos, ele pode mudar a cada dia e a cada interação entre os parceiros.


E os hormônios, como afetam a libido?


Muito se atribui a libido aos hormônios e existem de fato causas hormonais de baixa libido (como menopausa, insuficiência ovariana prematura, transtornos genéticos, hipotireoidismo e outros transtornos endócrinos que afetam a produção de hormônios pelos ovários).


Fatores hormonais transitórios como gravidez e amamentação impactam na libido, mas esse impacto é ainda mais complexo do que a questão hormonal, pois envolve mudanças profundas no relacionamento do casal.


A maioria das mulheres com queixa de baixa libido, no entanto, não sofre de problemas hormonais.


Mulheres na menopausa e com menopausa precoce com redução da libido precisam de tratamento adequado (avaliar reposição hormonal de estrogênio). A reposição na menopausa não deve ser feita com testosterona sem início prévio de estrogênio (que associado a progesterona caso o útero não tenha sido retirado cirurgicamente).


Como a atividade física afeta a libido?


É sabido que o sedentarismo é uma causa de baixa libido por diversos motivos, e que a atividade física regular aumenta a libido. Por outro lado, o desânimo e os estados depressivos também afetam negativamente a libido e estão associados a redução da vontade de exercitar-se. Isso leva a um ciclo vicioso - uma pessoa pode estar sedentária por falta de ímpeto para exercitar-se e o próprio sedentarismo agrava seu estado mental. Tanto o sedentarismo quanto transtornos psicológicos como tristeza e depressão pioram a libido.


Por outro lado, mulheres atletas (profissionais e amadoras) que se exercitam de forma excessiva podem ser acometidas pela síndrome que chamamos de REDs, sigla que significa Deficiência de Energia Relativa no Esporte. O exercício em excesso, combinado com aporte energético baixo (não se alimentar o suficiente para suprir a energia gasta durante o exercício) leva a diversos sintomas associados a todos os sistemas do corpo. Um desses sintomas é a alteração dos ciclos menstruais, podendo inclusive haver ausência de menstruação (amenorreia). Nessa situação é fácil imaginar que não existindo energia suficiente para as atividades básicas do corpo, também não há energia para ovulação e produção de hormônios associados a reprodução e libido.


Em resumo: sedentarismo pode reduzir a libido, mas exercícios em excesso podem ser um problema também (e não só para a libido).


Saúde mental e libido


Depressão e burnout são exemplos de situações nas quais a libido pode sofrer impacto. O tratamento desses problemas é necessário e, para isso, a sua identificação é fundamental. O acompanhamento com profissional de psicologia e/ou psiquiatra pode ajudar as mulheres que sofrem com a sensação de baixa libido, seja qual for a sua causa. Identificar a causa da redução da libido já é o início do processo de solução desse problema.


Gisele Veiga Guimarães

Médica Ginecologista e Obstetra

CRM 521128990

RQE 40088